Remuneração e honorários abrem 2º dia da Conferência do Jovem Advogado

sexta-feira, 20 de março de 2015 às 11:28

Porto Seguro (BA) – Nesta sexta-feira (20), as atividades do segundo e último dia da I Conferência Nacional do Jovem Advogado tiveram início com a palestra “Remuneração dos Advogados em Início de Carreira: Honorários Dignos, Uma Questão de Justiça”, ministrada pelo vice-presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, que coordena nacionalmente a Campanha pela Dignidade dos Honorários. A atividade foi mediada pelo vice-presidente da OAB-BA, Fabrício de Castro Oliveira.

Lamchia iniciou sua apresentação ressaltando a postura que o advogado deve ter frente a situações de aviltamento. “Muitas vezes, quando temos que nos contrapor a um magistrado que decide de forma indigna sobre o valor dos honorários, nos omitimos. Quando oferecemos ou aceitamos 30 reais para representar em uma audiência, nós enfraquecemos a nossa profissão. Quando aceitamos contratar honorários abaixo da tabela, estamos nos degradando”, lamentou.

Para ele, o advogado deve ater-se não somente à defesa de uma verba honorária sucumbencial decente, mas também contratual. “Neste sentido é que o Conselho Federal da OAB trabalha fortemente para buscar um novo viés de composição da tabela, para que ela não seja somente referência, mas uma diretriz obrigatória. Seu descumprimento implicaria em falta ética por quem lhe der causa. Entendo que desta forma caminhamos a passos largos para fortaleceremos nossa dignidade profissional”, apontou.

QUALIFICAÇÃO ELEVA VALOR

Lamachia lembrou a importância da qualificação do profissional como instrumento de garantia de uma verba honorária justa. “Muitos podem achar que é um devaneio, uma utopia, mas o mercado está competitivo em demasia para o advogado se dar ao luxo de ser somente mediano”, defendeu.

O vice-presidente nacional da Ordem também frisou a importância da obrigatoriedade do Exame de Ordem .“Se a vontade de quem quer terminar com o Exame se concretizar, aí sim o cenário ficará insustentável. Se hoje muitos colegas infelizmente recebem valores indecentes, a falta do instrumento que mede uma qualidade mínima rebaixará mais ainda esta verba. Aliás, acabar com o Exame de Ordem é o mesmo que extinguir a necessidade do mínimo preparo para atuação do advogado”, alertou Lamachia.

Ele lembrou que a OAB é dos advogados, mas antes de mais nada é do Brasil. “Olhamos para o advogado e para o cidadão, pois a valorização de um significa o respeito direto ao outro. Nosso compromisso é de um olhar diferenciado ao profissional da advocacia, com a criação da Procuradoria Nacional de Defesa das Prerrogativas, da Ouvidoria Nacional de Honorários e da campanha que tenho a honra de conduzir”.

NOVOS TEMPOS

Lamachia entende, entretanto, que o momento também é de comemoração. “Hoje o jovem advogado vê um Novo CPC que veio quebrar paradigmas rumo à nossa valorização”. Ele apontou destacou os artigos 21 e 85 como ‘bons garantidores’ da dignidade profissional do advogado, destacando que o segundo veda a compensação de honorários.

“Vejo o Novo CPC como uma conquista igual ou até maior do que a inclusão da advocacia no Supersimples, que vai impactar positivamente na remuneração de cada um de nós, no bolso de cada um que milita e é merecedor de justa contrapartida financeira. Vamos, sem dúvidas, viver um novo tempo, pois o novo estatuto processual resolve definitivamente a questão da fixação da verba honorária”, concluiu.

O vice-presidente da OAB-BA e coordenador da mesa, Fabrício de Castro Oliveira, destacou que a questão dos honorários no âmbito da jovem advocacia deve ser vista sob duas óticas: econômica e jurídica. “O advogado que não está bem preparado inevitavelmente puxa para baixo o preço do serviço daquele que se empenha. É uma cadeia. Sob a perspectiva jurídica, sendo autônomo ou empregado, o advogado receberá segundo o piso. Mas o associado não é alcançado por isso, pois os elementos de seu contrato definem somente percentuais”, encerrou Oliveira.

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