“Exercer a liberdade em busca da igualdade”, conclama Eduarda Mourão
Belo Horizonte (MG) – A presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB, Eduarda Mourão, proferiu um dos pronunciamentos de abertura da II Conferência Nacional da Mulher Advogada, que teve início hoje (28) em Belo Horizonte e prossegue até amanhã com debates sobre os principais temas da advocacia feminina.
“Muita emoção me traz até aqui. Na bandeira de Minas, esse maravilhoso estado que nos recebe com os braços abertos, está cravada a inscrição “liberdade, mesmo que tardia”. Então vamos viver isso. Não iremos retroceder, pelo contrário, vamos firmar um pacto de diálogo firme e transparente, sob o seguinte lema: exercer a liberdade em busca da igualdade”, propôs.
Eduarda lembrou ainda os ideais da Revolução Francesa, de igualdade, fraternidade e liberdade. “O sonho dos revolucionários franceses de ter uma sociedade mais igual, fraterna e livre infelizmente não foi inserido no arcabouço cultural brasileiro. Por isso as mulheres têm sim uma história de superação, por sempre terem sido relegadas a lugares secundários. O cenário do Brasil é de índices devastadores contra a mulher, com cerca de 15 mortes femininas por dia”, lamentou.
Ela lembrou que a mulher idosa e a negra são as que mais sofrem violência física, psicológica e patrimonial. Precisamos de muito mais estrutura para a rede de proteção à mulher, que hoje opera fazendo milagres em vista de sua precariedade de recursos. Ora, estamos falando do Brasil, onde o salário das mulheres é 32% menor que o dos homens. Não podemos andar na contramão da história e assistirmos 15 mil mulheres se candidatarem como laranjas nas últimas eleições e sequer votarem em si mesmas”, criticou.
A presidente ressaltou que a Comissão Nacional da Mulher Advogada tem buscado levar os ideais do discurso para a prática. “Através da diretoria e de todas as comissões seccionais, das conselheiras e também dos advogados, precisamos lutar em prol da mulher advogada, que tem seus honorários aviltados pelo simples fato de sermos mulheres. Como é ruim ser assediada no balcão, não é mesmo? Queremos ocupar posições por nossa inteligência e capacidade de trabalho”, apontou Eduarda.
“Chegou a hora de pôr um fim nisso tudo, na falta de direitos, de incentivos à formação de sociedades de advogadas, para que efetivamente as advogadas componham mesas e não somente organizem o evento. Queremos nos qualificar melhor, produzir mais. A OAB precisa da participação efetiva das que aqui estão, das que não puderam vir, enfim, de todas. Podemos e temos capacidade de exercer funções de mando e não de subserviência”, afirmou Eduarda.
"O empoderamento da mulher advogada é um avanço e um benefício à OAB. É ideal que nos perguntemos onde estamos pisando e o quê queremos para nossas vidas. Então, para finalizar, cito Cecília Meirelles: ‘Liberdade de voar num horizonte qualquer, liberdade de posar onde o coração quiser’”, encerrou Eduarda, bastante emocionada.