Fernanda Marinela profere palestra de abertura da II Conferência da Mulher Advogada

segunda-feira, 28 de novembro de 2016 às 05:02

Belo Horizonte – A presidente da seccional alagoana da Ordem, Fernanda Marinela, proferiu a conferência magna de abertura da II Conferência Nacional da Mulher Advogada, na tarde desta segunda-feira (28).
 
“É hora de as mulheres em posição de liderança reconhecerem que, embora estejamos em um mundo masculinizado, podemos sim sermos mulheres. A discussão precisa ser honesta, envolvendo todas as barreiras e obstáculos para entender o sistema. Num primeiro momento discutia-se o feminismo da igualdade, em que as mulheres tinham de se portar como homens. E foi isso que trouxe um sentimento de inferioridade. Mas evoluímos e saímos dele para o feminismo da diferença, onde o valor positivo era exatamente a diferença. Homens e mulheres são distintos”, afirmou Marinela.
 
Ela traçou um breve paralelo da história dos direitos femininos até os dias atuais. “Hoje estamos na terceira geração do feminismo, onde toda universalização já mostrou-se burra. Nem todos os homens são efetivamente objetivos e competitivos, nem todas as mulheres são emotivas e sensíveis. Isso não é marca de gênero”, resumiu.
 
Fernanda Marinela apontou, ainda, que é necessário reconstruir as relações entre homens e mulheres. “Não somente na vida pública e nos espaços de poder, mas especialmente dentro de casa. Essa é uma relação de conflito, porque se alguém vai sentar, necessariamente alguém terá que levantar. Nosso problema não é falta de normas, mas de políticas públicas afirmativas que garantam o cumprimento das normas”.
 
A presidente da OAB-AL destacou que, na história do mundo, as mulheres sempre foram tratadas de forma discriminatória, preconceituosa e inferiorizada. “Basta ver hoje como a mulher é tratada pela mídia. Já pararam para pensar? As propagandas de cerveja nos mostram como patrimônio do homem, um mero objeto de satisfação sexual. Enquanto isso continuar acontecendo o estereótipo é trazido para a realidade, sendo vendido para as futuras gerações como algo normal”, lamentou.
 
Marinela contabilizou exemplos de violência contra a mulher. “Uma mulher é espancada a cada 12 segundos nomundo. Cerca de 80% disso é praticado pelos homens. Até quando vamos permitir que a história seja praticada dessa forma e que isso se repita? Não podemos fingir que a música que nos denigre não está tocando, que a propaganda desrespeitosa não está passando na televisão. Até quando nós mulheres seremos objetos de desejo alheio? Ou nunca seremos sujeitos ativos dos nossos próprios desejos?”, indagou.
 
Sobre a participação da mulher na política, Fernanda Marinela apontou que o eleitorado feminino já corresponde a 52% do total nacional. “Mas essa representatividade de maioria não é real. Até quando vamos permitir que os homens decidam por nós? A lei feita na diversidade tem muito mais valor, é muito mais abrangente, mais próxima da sociedade”, disse.
 
Fernanda encerrou sua conferência com um apelo. “Mulher advogada, sua responsabilidade é enorme nesse momento da história. Vamos reconstruir um país, sem a máxima de resolver problemas novos com soluções velhas. Precisamos do país que sonhamos e sabemos que temos muito a avançar, mas se não for para realizar, é melhor nem sonhar. Se estamos aqui hoje, é porque muitas antes de nós lutaram muito. Assim vamos avançar sempre e cada vez mais”, encerrou.