Nova chacina por posse de terra no Pará tem repúdio da OAB

sábado, 24 de junho de 2006 às 08:19

Belém (PA), 24/06/2006 – A Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará repudiou mais um crime motivado por posse de terras no Estado. Dessa vez, quatro pessoas de uma mesma família foram executadas quando dormiam no município de Baião, na região do Baixo Tocantins. Os sete acusados do crime estão detidos no Complexo de Americano, no Pará. A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA, Mary Cohen, disse que a chacina é mais um exemplo de que se faz necessário uma atuação firme, tanto do governo federal quanto do estadual, para combater as causas de crimes que envolvem a disputa pela terra entre o poder econômico e trabalhadores rurais.

Para a polícia, a motivação do crime teria sido a disputa pela posse de terra em uma área que seria de propriedade do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) conhecida como assentamento Lago Verde, de 400 alqueires, localizados na rodovia Transcametá (que liga Tucuruí a Cametá), a cerca de 58 quilômetros de Tucuruí. A polícia acredita que as vítimas não tiveram chance de defesa, já que estavam dormindo na hora do ataque. Foram mortos Raimundo Nonato Muniz, de 42 anos, sua esposa, Isaura Alves Muniz, 39, e dois filhos do casal, Tatiane, de 20 anos, e Tiago Alves Muniz, de 18. Eles receberam, cada um, um tiro na cabeça, disparado à queima-roupa.

Mary Cohen atribui o crime à concentração fundiária e à falta de regularização das terras de pequenos agricultores. Ela informou que irá solicitar a intervenção no caso do presidente da OAB paraense, Ophir Cavalcante Junior, para que a Ordem formalize ao Ministério Público estadual e federal a preocupação da instituição com as investigações em torno da chacina. A medida será tomada, segundo a advogada, para que não haja impunidade por causa de investigações mal feitas.