Busato: vassoura-de-bruxa na Bahia pode ser crime de lesa-pátria

sexta-feira, 01 de setembro de 2006 às 04:58

Salvador (BA), 01/09/2006 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, cobrou hoje (01) das autoridades federais e baianas “investigações profundas” sobre a denúncia de que a praga da vassoura-de-bruxa foi introduzida propositalmente na lavoura cacaueira do sul da Bahia, na década de 80, por interesses político-partidários. “Se esse fato é verdadeiro, como se afirma na região, trata-se de um crime de lesa-pátria, um crime de terrorismo biológico como nunca se imaginava dentro do País”, sustentou Busato, durante entrevista coletiva na sede da Seccional da OAB da Bahia. Ele classificou esse fato ainda como “um dos maiores escândalos dessa República, uma coisa absolutamente escabrosa pelos prejuízos causados”.

Busato disse que percorreu recentemente a região de Itabuna e Ilhéus e ficou vivamente impressionado com as informações de que a vassoura-de-bruxa que dizimou a cacauicultura da região foi disseminada por um grupo político-partidário, interessado em desestabilizar o poder dos chamados “coronéis do cacau”. As investigações nesse sentido estão sendo feitas pela Polícia Federal. “Se esse ataque foi comandado em nome de mesquinhos interesses político-partidários, a situação é ainda mais grave, pois se atentou profundamente contra os direitos humanos”, observou o presidente nacional da OAB.

Ele citou informações, divulgadas pela imprensa, de que a introdução da praga na região do cacau resultou em desemprego em massa, estimando-se que 250 mil postos de trabalho foram destruídos. “Em função desse problema, toda a economia daquela região ficou comprometida com a disseminação da praga, criando-se uma situação absolutamente aterrorizante”, ressaltou. Roberto Busato recebe hoje na Câmara dos Vereadores de Salvador a Medalha Tomé de Souza, a mais alta comenda conferida pelo Legislativo soteropolitano.

Para Busato, se as investigações policiais comprovarem a motivação político-partidária por detrás da sabotagem ao cacau, conforme circula na região, estaria configurado também “um delito partidário, um delito pelo poder e contra a população indefesa daquela região e que dependia daquela lavoura”. Segundo as investigações iniciais, os grupos suspeitos da sabotagem biológica da introdução da vassoura-de-bruxa, conseguiram a princípio seu intento de erodir o poder dos fazendeiros do cacau e chegaram a ascender ao poder local por um período.