Roberto Busato: Lula quis calar a imprensa com uma mordaça
Brasília, 12/05/2004 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, afirmou hoje (12) que nunca houve no País uma decisão como a tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que expulsou o jornalista Willian Larry Rohter Junior, do The New York Times, em virtude de matéria publicada naquele jornal. Segundo Busato, não há registros na história de um acontecimento como este, nem nos períodos mais duros da ditadura militar. “Ao expulsar o repórter do País, o presidente Lula quis calar a imprensa com uma mordaça e atraiu para si toda a aversão que existe por parte da sociedade a todo e qualquer tipo de censura”.
O cancelamento do visto temporário do jornalista, segundo o presidente da OAB, ocorreu em um momento em que o governo havia conseguido, pela primeira vez nos últimos meses, obter apoio praticamente unânime no País, pois até a oposição esteve solidária com o governo com relação ao teor ofensivo da matéria jornalística. Ao reagir com a cassação do visto do jornalista, a decisão do governo acabou sendo tão ou mais desastrosa que a matéria publicada pelo N.Y. Times, na opinião de Busato.
“Este fato trará uma repercussão altamente negativa para o Brasil e ocorreu, infelizmente, em um momento em que o governo tinha o apoio de todas a forças civis e políticas da República”, afirmou Busato. O presidente da OAB lembrou, ainda, que o dispositivo invocado pelo Ministério da Justiça para promover a expulsão do jornalista - o artigo 26 da Lei nº 6.815 - foi criado no período da ditadura militar. “Então, realmente, foi uma atitude anti-democrática, a qual a OAB lamenta profundamente”.
Ainda na opinião de Roberto Busato, o acontecimento acabou demonstrando para a sociedade que há, inegavelmente, um mau assessoramento ao presidente da República, que culminou em um desserviço violento à cidadania brasileira, às instituições da República e à soberania do País. “É uma incompetência absoluta em termos de assessoria, que deixou que o presidente criasse um fato político internacional desnecessário, colocando em evidência uma possível ou eventual deficiência pessoal que em nada interessa ao País”.
O presidente da OAB afirmou que, no dia de hoje, talvez o Brasil esteja sendo visto até mesmo chacota em relação ao episódio, dada a sua repercussão, mas acredita que o erro pode ser corrigido. “Acho que o governo deve reconhecer seu erro, recuar e, com isso, receber a solidariedade de toda a sociedade brasileira e das instituições políticas e civis deste País”.