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“Memória e Verdade” em debate na Conferência de Direitos Humanos

segunda-feira, 27 de abril de 2015 às 16h37

Belém (PA) – Ao falar sobre o tema “Memória e Verdade” na VI Conferência Internacional de Direitos Humanos da OAB, o membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, lembrou do atentado a bomba na sede da OAB no Rio de Janeiro, que vitimou a secretária Lyda Monteiro.

“Foi um crime por terrorismo de estado. Esse atentado segue até hoje escandalosamente impune como demonstração de que resta um pouco de ditadura e más memórias que não recordam do que aconteceu”.

O conferencista, que é jornalista e mestre em ciência política, destacou a importância do evento, que conta com a participação de aproximadamente 5 mil participantes, num momento político delicado em que há manifestações pelo Brasil de pessoas em favor da ditadura militar.

“Esse é um momento de grave perigo de retrocesso. É importante que as forças democráticas saibam dissociar essa perigosíssima configuração de apoio à ditatura. O tema geral da Conferência é muito importante, pois trata da “efetivação dos direitos da igualdade”, destacou.

Vannuchi ainda recordou de casos de violências aos direitos humanos que não devem ser esquecidos como a guerrilha do Araguaia, a escravidão negra e o genocídio dos povos indígenas.  “Falar sobre Memória e a verdade, é lembrar alguns aspectos desses temas, que são abertos e permitem interpretações distintas”, disse.

Para o jornalista, há uma estratégia histórica persistente da construção do esquecimento, mas isso não deve acontecer, pois é preciso lembrar-se dos momentos marcantes. Ele citou Euclides da Cunha que registrou a memória de canudos e também parafraseou Manoel de Barros ao dizer que é “preciso transver o mundo”, pois a lembrança revê a imaginação.

O conferencista destacou sobre as mortes de advogados ocorridas nos últimos anos no Pará e disse que não devem cair no esquecimento. “As mortes de advogados no Pará é o recalcado presente e deve ser lembrado. O esquecimento construído é a memória interrompida”, comentou.

O membro da Comissão Interamericana destacou a importância se julgar, no Supremo Tribunal Federal, o quanto antes, a Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº153,  que  tem autoria da OAB Nacional e trata de esclarecer episódios ocorridos no regime militar brasileiro.

De acordo com Vannuchi, é necessário e indispensável saber o que foi a ditadura de 1964 e destacou que só com a sua queda é que o Brasil passou a viver a democracia. “Só agora o Brasil ostenta uma democracia minimamente digna e dizer que estamos discutindo a possibilidade de inaugurar um país novo, que faz o resgate da memória de fatos como a escravidão e do genocídio indígena”.

O conferencista finalizou dizendo que a defesa dos direitos humanos é uma longa caminhada da sociedade civil e dos militantes dos Direitos Humanos, além disso, recordou sobre o relatório da Comissão Nacional da Verdade apresentado à sociedade civil na sede do Conselho Federal da OAB em dezembro de 2014.

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