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Situação do São Francisco é discutida no II Encontro dos Advogados do Sertão

sexta-feira, 1 de julho de 2016 às 19h39

Juazeiro (BA) – Os problemas ambientais e econômicos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foram o tema do painel 4 do II Encontro Nacional dos Advogados do Sertão, evento que se encerra na noite desta sexta-feira (1º).

Presidiu a mesa o conselheiro federal José Maurício Vasconcelos Coqueiro (BA), secretariado pelo presidente da Subseção da OAB Senhor do Bonfim, Antonio Raymundo Cícero Campos.

O primeiro expositor do painel foi o especialista ambiental e escritor Roberto Malvezzi, conhecido como Gogó. “Mais do que desafios, atravessamos uma encruzilhada. Trata-se do maior rio totalmente brasileiro, o único perene do semiárido. Sua importância é tanta que é a porta de entrada para o litoral de nosso país e também para o sertão. Mas o respeito dedicado a ele é proporcional a esta grandeza?”, indagou.

Malvezzi relevou que a insegurança jurídica gera a prática conhecida como grilagem de terras e até mortes nas margens ao longo do curso do rio. “O coronelismo sempre foi um problema clássico das margens do São Francisco. A disputa por terras, a distância e o isolamento do poder central criaram a cultura de mandar quem tem mais riqueza. Assim, foi impossível controlar as práticas de degradação que vem matando nosso rio”, contextualizou.

“O ciclo das águas brasileiras começa na Amazônia. O cerrado, assim, vira nossa grande caixa d’água. Mas com o desmatamento do cerrado, aquíferos sofreram danos irreparáveis, sendo o principal deles o fato de estarem sendo rebaixados. O São Francisco, por sua vez, depende do cerrado na ordem de 80%. Logo, ou há ação ou é um rio fadado à morte”, lamentou.

Em seguida, foi a vez do consultor ambiental Almacks Luiz Silva proferir palestra acerca do tema. “É uma bacia [a do São Francisco] de quase 650 mil quilômetros quadrados, com 507 municípios banhados. São 162 afluentes e mais de 1.500 cursos menores como riachos, córregos, fios d’água. As ocupações das áreas de preservação permanente, para mineradoras e empresas de outros ramos, compõem a política mais burra que já vi”, apontou.

Almacks relembrou casos emblemáticos da cobrança pelo uso da água para multinacionais ao longo da bacia. “É certo que essas empresas tenham o benefício de pagar muito menos e o cidadão pagar um absurdo? Tudo a despeito de gerar empregos e desenvolvimento, mas sem levar em conta o desmatamento, a agressão ao meio ambiente, a degradação diária”, denunciou. Ele criticou também o uso de agrotóxicos nos cultivos às margens do rio.

Sobre a transposição do rio São Francisco, o consultor indagou: “Por que investir tão caro para mudar os cursos de um rio? São R$ 5,5 bilhões, é astronômico. As obras são verdadeiros canteiros fantasmas, os canais estão vazios”, disse. Almacks falou ainda sobre as crises hídricas que grandes centros atravessaram ou atravessam, como em São Paulo, no caso dos baixos níveis hídricos de reserva do rio Cantareira, normalizados recentemente.   

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